A missão de dar ao mundo a noção do Absoluto, tal como foi revelada no Veda, livre da ciência tradicional da Índia nas idades mais antigas, estava reservada à poesia pura, aquela que celebra as forças cósmicas do céu e da terra.
Esse Absoluto é o Brama, que não pode ser definido. O Brama, a brilhante luz das luzes, "envolvido em sua capa de ouro", por quem o espírito pensa, mas que não cabe no pensamento de ninguém, permanece incomunicável.
"Perguntas o que é o Brama? É o teu próprio átman, que é interior a tudo." [Brihad Aranyaka, up. III, 4].
O Brama, neutro, impesoal, é incondicionado, inqualificado, superior a qualquer distinção. Ele é a origem, a causa, a essência do universo, porque tudo o que é, é Brama. Ele é pura existência: sal, pura inteligência: chie, pura beatitude: ananda.
Na impossibilidade de O conceberem em sua Totalidade e em sua Verdade, os hindus tentam encontrá-lo em suas manifestações Divinas. Adorar o Brama em seus atributos é fazê-lo descer ao nível humano, pô-lo ao alcance do homem. O Brama toma-se então um deus pessoal, em aparência. E pode ser então encarado sob qualquer de suas Funções ou de suas Potências.
Nos hinos védicos, os deuses implorados, apenas antropomorfizados, pertencem aos astros, à atmosfera, ao solo. Têm nomes e aspectos inumeráveis, sendo como são expressões de Brama, indefinido em suas formas, embora UNO em sua essência. Essas manifestações divinas correspondem às afinidades dos crentes. Sua multiplicidade pode surpreender tanto mais o espírito ocidental quanto cada deus personificado traz às vezes vários nomes, segundo a qualidade ou atividade sob a qual é invocado. O deus escolhido por seu adorador chama-se "seu ichta". É a ele que o fiel dirigirá suas preces, seus rosários, e é por seu ichta que ele se aproximará de Brama. O Brama, Divindade Suprema, junto de quem os demais deuses não passam de simples intermediários, contém em si todos os ichtas. É sempre Brama, pois que tudo é Brama.
Os deuses podem personificar a Alegria, a Misericórdia ou a Morte. Para mostrar que essas individualizações não passam de uma concepção de Brama por um "fervoroso", Vichnu diz a Xiva, no Vichnu-Purana:
"Os ignorantes consideram-se como distinto de Ti."
O crente pode encontrar o Brama em si-mesmo, em seu coração, porque todo o ser possui uma faísca de Brama, chamada átman. Este átman representa o Eu-mesmo de cada um, princípio transcendente que jamais se particulariza.
"O Brama reside no coração. Ele está ali e em nenhuma outra parte. Os sábios que o contemplam dentro de sua própria alma, estes, e não outros, possuem o descanso eterno."
(Brihad aran, up. III, 1).
Da mitologia do Veda, tão bem elaborada quão complicada, é preciso citar entre os deuses mais invocados: Indra, com um papel preeminente. Ele encarna a força conquistadora. Suas proezas e suas vitórias são objetos de muitas narrativas. Ele matou com o seu raio (vajra) o dragão que obstruía as águas, e, depois de ter conquistado o sol, libertou as auroras prisioneiras.
A montaria (vahana) de Indra é um elefante branco: Airavata. O deus é geralmente representado coberto de jóias, coroado de um turbante real ou de uma tiara cilíndrica, com o raio, o disco, o dente de elefante. Sua esposa é lndrani ou Caci, que ele roubou ao pai, Puloman, inimigo de Indra.
Rudra, o "poderoso" dos hinos védicos, tornar-se-á Xiva, o benéfico e curador. Os Rudras, filhos de Rudra, aliados de Indra, formam um grupo de jovens que cavalgam as nuvens e são portadores da tempestade e da chuva.
Agni, o deus do fogo e do sacrifício, tem um lugar primordial. Ele faz a unidade do mundo em suas três partes: terra, céu e atmosfera intercalar. Ele é ao mesmo tempo: vontade divina, visão perfeita e operação ritual:
"ó Agni, tu és a matéria dos jovens rebentos; as águas são tua semente. Inato em todas as coisas e crescendo sempre com elas, tu as conduzes à maturidade. O tudo subsiste em ti. Revestido das formas do sol, tu tomas com os teus raios a água da terra, para espalhá-la ao depois em chuvas nas estações próprias, dando assim a vida a todos os seres. Tudo renasce então de ti: as lianas, a verde folhagem, os lagos, o leito afortunado das águas, todo o úmido palácio submetido a Váruna." [Rig-Veda].
Varuna, mantenedor da ordem cósmica, senhor das águas, é um dos deuses maiores do Vedismo. A esse deus, envolto num manto de ouro, associa-se Mitra, cercado de majestade jurídica, com um séquito de sete ou oito entidades: os Adityas, descendentes de Aditi, deusa-mãe. Surya, o sol, especifica-se em Vivasvante; Candara é a lua, e Vayu o vento. Prajápati, pai dos deuses (devas) e dos demônios (asuras), senhor das criaturas, é figura importante entre os deuses. Numerosos hinos lhe são dirigidos.
Em plano secundário, temos ainda Pyauch Pitar, o Céu-Pai; e Prthivi, a Terra-Mãe; os Marutes, deuses das tempestades; Ucha, a Aurora, e os Açvins, que simbolizam as estrelas da manhã e da tarde; Yama, o primeiro humano, tornou-se o deus da Morte, senhor do mundo subterrâneo. Em seguida, menos definido, temos Puchan, o deus que guia os homens e os animais. Brihaspati, sacerdote dos deuses, é uma segunda forma de Agni. É impossível citar todos os deuses védicos; eles são inumeráveis. Afora os deuses, existem as forças que agem sobre o universo, dentre as quais "o rita" é a principal - ao mesmo tempo ordem cósmica e ordem ritual e moral.
Enfim, o soma, planta sacrifical, licor fermentado tornado bebida divina que confere a imortalidade, foi elevado à dignidade de um deus no livro XI do Rig-Veda.
“A origem terrestre de Soma prende-se ao Monte Mujavante. Mas sua verdadeira pátria é o céu: filho do céu, sua forma celeste corresponde às do nascimento e da espremedura. Ele foi trazido a terra por uma grande ave (águia ou falcão), que o roubara do castelo de bronze onde era guardado pelos Gandharva, ou pelo arqueiro Krçanu, o qual, atirando sobre a ave arrancou-lhe uma unha ou uma pena. Algumas vezes a águia é Indra; nos Bramanas o soma é roubado por Gayarti, nome mítico de Agni."
[L. Renou, op. cit.. pág. 329].
Uma Trindade divina ou "Trimurti" domina as múltiplas formas divinas. Esta Trindade compõe-se de três deuses que repartem entre si as atividades fundamentais de Ichvara, nome genérico do deus único e supremo e a Vontade de Poder, símbolo do Brama, que está acima da Trindade e permanece neutro e inacessível.
O poder de criar, que parece ser a manifestação mais elevada, pertence à Brama, que não deve ser confundido com o Brama impessoal. Esse Brama, ao contrário, é personalizado por sua função de criador.
Em seguida vem o poder de conservar, que está nas mãos de Vichnu. O poder de destruir, finalmente, é atribuído a Xiva. Esses deuses, que representam os três aspectos de Ichvara, formam a grande Trindade da Índia, ou Trimurti, cuja atividade corresponde ao ritmo da criação do mundo: o começo de um ciclo, sua manifestação total e seu acabamento ou reabsorção em Brama, o Pralaya período que precede a era seguinte.
As relações dos deuses entre si são tão vagas e instáveis como as variantes de uma legenda. Entretanto, certos mitos fixos persistem e aureolam este deus ou aquela deusa. O deus não muda, mas o coração do homem cresce, e crescendo, faz crescer também a imagem do deus que ele traz em si.
Entre os deuses importantes que se substituíram ou se ajuntaram aos do Veda na tradição hindu, Brahma permanece bastante abstrato, apesar de seu papel criador. É ele quem faz nascer a diversidade na Unidade. Ele não tem um culto especial. Seus santuários são raros. O maior encontra-se em puchkar, perto de Ajmer, no Rajputana. Sarasvati é a Xakti de Brama. Xakti é o nome que se dá à Energia que emana do deus e o completa sob a forma feminina de uma deusa. Associada aos grandes deuses, identificada à Palavra (vac) nos Bramanas, deusa dos rios divinos nos tempos védicos, Sarasvati simboliza as artes, a eloqüência, o saber e “a onda da Verdade".
Brahma é muitas vezes representado com quatro rostos (atarmukha) voltados para os quatro pontos cardeais, e quatro braços (tendo nas mãos os quatro Vedas); traz nas cabeças ora coroas, ora tranças (donde o seu nome de Cikhin), e apresentam-se barbudos os seus rostos. Seus atributos são o jarro, o rosário e as duas colheres rituais (Manasara), às vezes o disco. A cor é rosa. Ora se apresenta montado num cisne (hansa), ora de pé, às mais das vezes sentado num lótus que sai do ventre de Vichnu, donde seu nome: "aquele que nasce do lótus" ou ainda "do umbigo", mas também (desde a epopéia) "aquele que nasceu de si mesmo" (svayambhu), isto é, inato [L. Renou, op. cit., pág. 500].
Vichnu, na Trimurti, tem o papel benéfico de conservador do Cosmos. Ele preside aos destinos humanos. É um deus de origem solar definido por quatro atributos: a concha (sankha), o disco (sakra); clava (gada) e a flor de lótus (Padma). Representam-no sob os traços de um homem jovem, de cor azul-escuro, com quatro braços.
"Os 24 nistha ou "atitudes" que compõem a figuração total da divindade comportam cada uma um valor esotérico dirigente de uma encarnação particular. Têm igualmente uma significação simbólica a jóia kaustubha que Vichnu traz ao pescoço, e o anel de pêlos estilizado em iconografia (o çrivitsa) que lhe orna o peito. Traz geralmente um diadema na cabeça (kirita)" (id.).
Em geral, Vichnu apresenta-se deitado, em suas representações, e mesmo adormecido sobre o oceano caótico, a serpente infinita de mil cabeças. Vemo-lo igualmente tronando no céu, Vaikhunta, rodeado de sua corte. Garuda é a cavalgadura (vahana) de Vichnu, também ela objeto de um culto. Esta Garuda é a águia celeste, filha de Kackapa e de Vinata. Foi ela quem roubou o soma, o licor de vida, em benefício dos deuses.
O culto de Vichnu é muito popular e tem formas múltiplas e numerosos santuários. É venerado num elevadíssimo plano abstrato, porque ele representa o amor divino. Vichnu é muitas vêzes acompanhado de sua Xakti, Lakchmi ou a "Beleza e a Fortuna", emblema da esposa modelo e serviçal, assim como da glória e da prosperidade. Ela é figurada por uma jovem sedutora, sentada numa flor de lótus e segurando uma cornucópia, enquanto dois elefantes brancos, munidos de jarros em suas trombas, regam os lótus que ela tem nas mãos. Ela é invocada para os bens temporais e espirituais, a fé e a saúde.
Na tradição hindu os deuses podem reencarnar-se a seu bel-prazer ou em obediência a uma ordem, para cumprir uma missão, particularmente a de socorrer a humanidade sofredora. As encarnações dos deuses denominam-se "avatares" ou "descidas". Vichnu é o que se encarna mais vezes. Pode haver um número ilimitado de avatares. Ramakrichna dizia: "Os avatares são para o Brama o que as vagas são para o oceano".
Quando um deus importante vem à terra, divindades secundárias o acompanham para fazer parte de sua côrte. Numerosas encarnações de Vichnu são descritas no Bhagavad-Purana, mas existem dez que são clássicas. A primeira representa Vichnu vindo como peixe para salvar o rei Manu Vaivasvata, tema indiano do Dilúvio. Depois, Vichnu aparece como javali. Ele soergue a Terra, que o demônio Hiranyakcha tinha mergulhado no fundo do oceano. .. E ainda Vichnu, tornado Rama, o herói do Ramayana, que triunfa sobre o demônio Rávana. Servindo enfim de pedestal que se apóia no fundo dos mares, Vichnu, em forma de tartaruga, suporta o monte Meru, em volta do qual se colocou a serpente Cecha. Ele assiste ao encapelamento do oceano. Nesse combate entre os deuses e os Asuras, está em jôgo a conquista de tesouros maravilhosos, principalmente do anrita (licor divino). Graças a Vichnu os deuses conseguem a vitória.
O mais célebre dos avatares de Vichnu - e todos eles têm um sentido esotérico - é o de Krichna, considerado como uma encarnação total, sendo os demais considerados como simples encarnações parciais. A história de Krichna comporta uma série de aventuras extraordinárias. Chefe do clã dos Yadavas, Krichna, cujos poderes são surpreendentes (ele já cumprira missões prodigiosas em sua infância) , prossegue sua carreira de ser sôbre-humano. Adolescente, ele é o "boieiro" divino que toca a flauta para as pastoras que dançam em torno dele, contemplando-o com fervor amoroso. A cena passa-se no bosque sagrado de Brindavã.
Ao depois, no Bhagavad-Gita, ele figurará ao lado dos Pandavas, seus primos, em sua guerra contra os Bháratas. Ele se torna ilustre nessa ocasião, mostrando por seu exemplo e por seu ensinamento .como o homem deve desenvolver-se espiritualmente para atingir a libertação. Mas é sobretudo em Ramá, em que ele simboliza a energia moral, e em Krichna, a inspiração divina, que Vichnu traz um socorro considerável aos humanos e desempenha um papel imenso na religião hindu. Vichnu representa um "Salvador", porque "em cada um de seus avatares ele recupera as coisas que pareciam irremediavelmente perdidas, tragadas pelo oceano, isto é, pelo indiferenciado, ou a ponto de o ser" [Herbert, ib. 362].
Quer se trate de Si ta, mulher de Ramá no Ramayana, quer se trate de Radha, a pastora preferida de Krichna, uma das figuras mais populares entre as divindades femininas e ao mesmo tempo sua mais perfeita adoradora, é sempre Lakchmi, sua xakti, deusa da harmonia, que se encarna habitualmente com Vichnu.
Xiva é um deus complexo, valente, ao mesmo tempo benéfico e temível. É preciso distinguir aqui o duplo aspecto da atividade divina. Xiva na Trindade hindu desempenha o papel de destruidor do Universo, mas ele aniquila para reconstruir. Ele destrói a multiplicidade que mundo criado, para recriar a Unidade. Por isso assimilam-no a Kala, o Tempo. Como este, ele constrói e destrói sem cessar. Não é ele aquele que depõe no seio das águas o "Germe de Ouro que encerra Brama"? Isto, sem deixar de ser "aquele que vence" - em sua forma mais intensa - Bhairava, o Temor, e suas sessenta e quatro variedades.
D’outro lado, ele possui o aspecto reparador. Ele é igualmente um protetor. Recorre-se a ele em caso de perigo. No episódio do encapelamento do mar de leite (aparição do universo multiforme), quando a serpente Vasuki lança um veneno que devia destruir o mundo, Xiva bebe o veneno. Sua garganta tornou-se azul-escuro e chamaram-no: Nüakantha... É ainda Xiva que, para evitar uma catástrofe quando da descida das águas do Ganges sobre a terra, ergueu os cabelos e formou com eles uma barragem protetora (ímã), contra as ondas impetuosas, e estas escoaram sem causar dano algum.
Xiva é um deus poderoso entre todos os deuses (o Rudra dos hinos), porque ele é o deus da vida, da procriação. Mas Xiva é sobretudo o Mahadeva, o grande deus asceta, o deus dos rogues, para os quais ele é um guia e um modelo, pois condu-Ios à consciência da Unidade. É o Mahayogue ou Mestre dos yogues. "Representam-no então com o rosto sujo de cinza, seminu, cingido de crânios e ostentando uma coleira de serpentes (Rudra era já no Vedismo o senhor das serpentes). Sentado em postura meditativa, ele tem um terceiro olho frontal. A origem deste olho, segundo se afirma, provém de uma brincadeira de Parvati, que lhe tapara os dois olhos com as mãos" [L. Renou, lb. 514].
É figurado às mais das vezes com muitos braços em Nataraja, dançando o Tandava, a dança cósmica, cercado do tiruvaçi ou aureola de chamas. Diz-se que ele espezinha um demônio rebelde ou que ele destrói o cosmos para o recriar. Na realidade, essa dança evoca numerosos símbolos de sentido esotérico.
A cavalgadura habitual de Xiva é o touro branco: Nandin; e sua veste, uma pele de tigre. Vem coroado do crescente lunar, e seus atributos são o arco (ajagava), o tamborim (dhaka) , a clava (Khatvanga), o laço (paça) e o mais habitual, o tridente (triçula Pinaka). Xiva tem quatro, oito ou dezesseis braços, simbolizando os dois braços inferiores o gesto da benevolência (varada) e da salvaguarda (abhaya). Foi identificado um número incalculável de santuários consagrados a Xiva. Os de Buvaneswar e de Madura são célebres no mundo inteiro.
Xiva delega seus poderes a numerosas Xaktis: Parvati, a Filha da Montanha; Sáti, a Espôsa Fiel; Uma, a Benéfica, ou Cândi, a Violenta, etc. A mais importante de tôdas, a sua espôsa Durga ou Káli, a Terrível, é figurada sob traços medonhos. Negra e nua, cabeleira ao vento, ela traz um colar de cabeças humanas e pisa aos pés o corpo do esposo, brandindo um cutelo ensangüentado e ostentando uma cabeça recentemente decepada. Sem embargo, essa Káli é um aspecto da Mãe divina, a Suprema; ela encarna uma esplêndida energia, uma vontade implacável, e, como o seu esposo, parece que ela só destrói para libertar a espiritualidade que existe em todo o ser. Quando é aniquilada a ignorância, o coração torna-se puro. A energia de Káli cria a paz, após haver destruído a ignorância. A energia de Káli é terrível enquanto ela se exerce, mas quando ela atinge o "coração" de Xiva, isto é, quando é desfeita a ilusão, Káli detém-se repentinamente e arrepende-se do ato praticado. E ela recua. "Que fiz eu sob o ímpeto desta loucura?” Ela atingiu a Realidade, e torna-se equilibrada, calma e mansa. Durga congrega em si atributos de Káli, Lakchmi e Sarasvati, - três gunas que representam a destruição, a evolução e a criação. As "cabeças decepadas" simbolizam os demônios da ignorância na humanidade. Káli toma como ornamento pessoal essas almas assim libertadas, pois foi ela quem os libertou da ignorância e do medo. Durga-Káli era para Ramakrichna a divindade de eleição.
Os hindus dão um aspecto humano às imagens, pinturas e estátuas de seus deuses, ajuntando-lhes os emblemas que os diferenciam entre si. O sinal do poder sobre-humano exprime-se pela adjunção de braços suplementares: dois, quatro, ou mesmo mais. Para indicar a visão divina, um terceiro olho é por vezes colocado no meio da fronte, como no caso de Xiva, enquanto que Brahma é representado com quatro cabeças. As representações animais são a marca de qualidades particulares. Assim, é dada a Ganeça uma cabeça de elefante, e aos Kimnasas uma cabeça de cavalo.
Ganeça, chefe dos "Ganas" (tropas divinas), objeto de um culto intenso, é o filho de Xiva e de Parvati. Solicita-se o seu apoio antes de toda a empresa; ele é o guia (Vinayala), que destrói os obstáculos. Ganeça simboliza o apelo à força espiritual. Seu papel na epopéia do Ramanaya ilustra o seu espírito de sacrifício, de perseverança e de devoção.
Representam-no com uma cabeça de elefante e uma só presa. Sua cor, geralmente vermelha, pode ser branca ou amarela; tem um ventre proeminente e serve-se para cavalgadura de um rato ou de um leão. Traz uma presa de elefante e um rosário. Goza de muita popularidade, sobretudo no sul. Sua imagem é vista nas encruzilhadas dos caminhos, nas árvores e nos templos.
O macaco Hanumã, emblema da destreza e da inteligência, filho do deus do vento, Pavana, é considerado entre as divindades religiosas da Índia como o "perfeito servo" de Brahma, pelo seu exemplo de força e de domínio de si. Ele é um aliado de Ramá, chefe do exército dos macacos; numerosos templos lhe são elevados.