ISHA
Preenchidas totalmente com Brahman estão as coisas que vemos.
Preenchidas totalmente com Brahman estão as coisas
que não vemos. De Brahman flui tudo o que existe:
De Brahman, tudo - todavia, ele ainda é o mesmo. OM...Paz-paz-paz.
NO CORAÇÃO de todas as coisas, de tudo o que existe no Universo, habita Deus. Somente ele é realidade. Portanto, renunciando às vãs aparências, rejubilai-vos nele. Não cobiceis a riqueza de ninguém.
Bem pode ficar satisfeito de viver cem anos aquele que age sem apego - que realiza seu trabalho com zelo, porém sem desejo, não ansiando por seus frutos - ele, e somente ele.
Existem mundos sem sóis, cobertos pela escuridão. Para esses mundos vão depois da morte os ignorantes, assassinos do Eu.
O Eu é um só. Sendo imóvel, ele se move mais rápido do que o pensamento. Os sentidos não o alcançam, pois ele sempre vai primeiro. Permanecendo imóvel, ultrapassa tudo o que corre. Sem o Eu, não há vida.
Para o ignorante, o Eu parece mover-se - embora ele não se mova.
Ele está muito distante do ignorante - embora esteja próximo. Ele está dentro de tudo, e está fora de tudo.
Aquele que vê todos os seres no Eu, e o Eu em todos os seres, não odeia ninguém.
Para a alma iluminada, o Eu é tudo. Para aquele que vê harmonia em todos os lugares, como pode haver ilusão ou pesar?
O Eu está em todos os lugares. Ele é brilhante, imaterial, sem mácula de imperfeição, sem osso, sem carne, puro, intocado pelo mal. Aquele que vê, Aquele que pensa, Aquele que está acima de tudo, o Auto-Existente - ele é aquele que estabeleceu a ordem perfeita entre objetos e seres desde o tempo que não tem princípio.
KENA
Que a quietude desça sobre os meus membros,
Minha fala, meu fôlego, meus olhos, meus ouvidos;
Que todos os meus sentidos se tornem claros e fortes.
Que Brahman se mostre a mim.
Que eu jamais negue Brahman, e nem Brahman a mim.
Eu com ele e ele comigo - possamos morar sempre juntos.
Que seja revelada a mim,
Que sou dedicado a Brahman,
A sagrada verdade dos Upanishads.
OM... Paz - paz - paz.
QUEM COMANDA a mente para que ela pense? Quem ordena que o corpo viva? Quem faz a língua falar? Quem é o Ser radiante que conduz o olho à forma e à cor, e o ouvido ao som?
O Eu é o ouvido do ouvido, a mente da mente, a fala da fala. Ele também é o alento do alento, o olho do olho. Ao abandonarem a falsa identificação do Eu com os sentidos e com a mente, e ao saberem que o Eu é Brahman, os sábios, ao deixarem este mundo, tornam-se imortais.
O olho não o vê, nem a língua o exprime, nem a mente o alcança. Não o conhecemos e nem podemos ensiná-lo. Ele é diferente do conhecido, e diferente do desconhecido. Foi o que ouvimos dos sábios.
Aquilo que não pode ser expresso em palavras mas pelo qual a língua fala - sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado pelos homens.
Aquilo que não é compreendido pela mente, mas pelo qual a mente compreende - sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado pelos homens.
Aquilo que não é visto pelo olho, mas pelo qual o olho vê - sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado pelos homens.
Aquilo que não é ouvido pelo ouvido, mas pelo qual o ouvido ouve – sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado pelos homens.
Aquilo que não é trazido pelo sopro vital, mas pelo qual o sopro vital é trazido, sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado pelos homens.
Se pensais que conheceis bem a verdade de Brahman, sabei que conheceis pouco. O que pensais ser Brahman no vosso Eu, ou o que pensais ser Brahman nos deuses - não é Brahman. Deveis, portanto, aprender o que é realmente a verdade de Brahman.
Não posso dizer que conheço Brahman totalmente. Nem posso dizer que não o conheço. Aquele dentre nós que melhor o conhece é quem entende o espírito das palavras: "Eu nem sei que não o conheço".
Aquele que verdadeiramente conhece Brahman é quem sabe que ele está além do conhecimento; aquele que pensa que sabe, não sabe. O ignorante pensa que Brahman é conhecido, porém os sábios sabem que ele está além do conhecimento.
MUNDAKA
OM.. .
Com nossos ouvidos, ouçamos o que é bom.
Com nossos olhos, contemplemos vossa integridade.
Tranqüilos no corpo, possamos nós, que vos veneramos,
encontrar descanso. OM. . . Paz - paz - paz.
DO INFINITO OCEANO da existência surgiu Brahman, primogênito e o primeiro entre os deuses. Dele jorrou o Universo, e ele se tornou seu protetor. O conhecimento de Brahman, alicerce de todo conhecimento, ele revelou a seu filho primogênito, Atharva.
Atharva, por sua vez, ensinou esse mesmo conhecimento de Brahman a Angi. Angi ensinou-o a Satyabaha, que o revelou a Angiras.
Certa vez, Sounaka, o famoso chefe de família, dirigiu-se a Angiras e perguntou-lhe respeitosamente:
"Sagrado senhor, o que é aquilo através do qual todo o resto é conhecido ?"
"Aqueles que conhecem Brahman ", replicou Angiras, "dizem que existem dois tipos de éonhecimento, o superior e o inferior.
“O inferior é o conhecimento dos Vedas (O Rig, O Sama, O Yajur e o Atharva), e também o conhecimento da fonética, dos cerimoniais, da gramática, da etimologia, da métrica e da astronomia”.
“O mais elevado é o conhecimento daquilo através do qual se conhece a realidade imutável. Através disso, é totalmente revelado aos sábios aquilo que transcende os sentidos, que não tem causa, que é indefinível, que não tem olhos nem ouvidos, nem mãos nem pés, que tudo penneia, que é mais sutil do que o mais sutil - o que dura eternamente, a origem de tudo”.
“Como a teia vem da aranha, como as plantas crescem do solo e o cabelo do corpo do homem, assim jorra o Universo do eterno Brahman”.
"Brahman quis que fosse assim, e extraiu de si mesmo a causa material do Universo; disso veio a energia primordial; e da energia primordial a mente; da mente os elementos sutis; dos elementos sutis os diversos mundos; e de ações realizadas por seres nos diversos mundos a cadeia de causa e efeito - a recompensa e punição das ações”.
"Brahman tudo vê, tudo sabe; ele é o próprio conhecimento. Dele nascem a inteligência cósmica, o nome, a forma, e a causa material de todos os seres criados e das coisas."