Puranas: são as “histórias” indianas, mais próximas de fábulas e lendas do que propriamente de uma história científica. Mas como algumas guardam elementos religiosos importantes, tal diferença não era considerada pelos indianos. Como exemplos desses textos temos os famosos Mahabharata (do qual faz parte o famosos texto do Bhagavad Gita) e Ramayana, além de textos como Srimad Bhagavatam e o Vetalapancavimsatika, conhecido como “Contos do Vampiro”.
Como afirma Louis Renou,
O Maha-Bharata (...) A "Grande História da Guerra dos Bharatas" é um enor-
me poema épico de 90000 versos duplos, descrevendo a riva-
lidade impiedosa que separa as duas linhas de descendentes de
Bharata, os cem Kauravas de um lado e seus primos, os cinco
Pandavas, de outro. Os Pandavas vencem ao fim de uma carni-
ficina geral que leva afinal à sua própria morte (número 2
adiante).
A narração é interrompida aqui e ali por episódios a ela
relacionados, fábulas e apólogos, ou por dissertações políticas e
morais que transformaram esse enorme poema numa espécie de
resumo geral dos valores principais do hinduísmo, resumo, entre-
tanto, que dá mais espaço ao dharma do guerreiro do que ao de
um brâmane ou asceta.
Os autores do Maha-Bharata não podem ser individualiza-
dos e sua redação talvez esteja situada em uma época entre o
século II ou III antes de Cristo e o século I da era cristã.
Os números 3 e 4 adiante descrevem, respectivamente, as
opiniões de Draupadi, espôsa comum dos Pandavas, e de Yud-
histhira, o chefe dos Pandavas, acerca dos acontecimentos que
causaram seu infortúnio, e das lições que deveriam ser extraídas
dos mesmos.
[Já] O Ramayana (...)A "História de Rama", épico em 24.000 versos duplos, é
obra de Valmiki, que encontrou seus elementos numa rica len-
da pan-indiana contendo temas de folclore e talvez algumas re-
miniscências pré-históricas. Contém a narrativa das aventuras
do príncipe Rama (Ramacanda), filho de Dasharatha, e sua
nobre espôsa Sita, desde o tempo de seu exílio até seu regres-
so triunfal a Ayodhya, depois do que vem um repúdio injus-
to e a morte de Sita.
A narrativa principal se encaminha a digressões, algumas
das quais formariam um código da conduta e moralidade hin-
dus se reunidas. Embora apresente de muitos pontos de vista,
em sua composição e teor, a Índia cortesã e educada de épocas
posteriores, a obra provavelmente deve ser datada em ocasião
próxima à redação do Maha-Bharata.