Classicamente se organizaram as escolas filosóficas da Índia em seis caminhos (darsanas): Nyaya, Vaishesika, Sankya, Ioga, Mimasa e Vedanta. Cada uma dessas escolas possui características próprias em suas abordagens sobre os conceitos de reencarnação, verdades cósmicas e Maya (ilusão material). No entanto, são igualmente consideradas como “diversos caminhos num mapa que leva ao mesmo lugar”.
Existia ainda uma escola materialista, chamada Carvaka, que trata apenas da existência atual, mas ela tinha pouca representatividade. Em geral quase todas essas correntes tem, também, seus períodos de datação bastante extensos, o que faz com que alguns pesquisadores prefiram determinar seus momentos de surgimento nos períodos mais recentes possíveis. Aqui utilizamos as datas mais recuadas possíveis, apenas como referência. Analisemos essas escolas:
Nyaya: teria surgido no século -4. com Gautama (não confundir com Buda), e defendia que a iluminação e a salvação só poderiam ser obtidas segundo a compreensão e o domínio de categorias específicas de conhecimento sobre metafísica, matéria e natureza.
Vaishesika: parece ter sido anterior à Nyaya, e talvez a mais antiga de todas as escolas. Criada por Kananda, enfatizava o conhecimento e a experiência pessoal como formas de descoberta dos mecanismos do cosmos. Ainda assim, esse mesmo conhecimento estaria atrelado à uma série de conceitos já existentes sobre virtude, controle e pensamento.
Mimasa: no mesmo séc. -4., Jaimini teria fundado a escola Mimasa, que basearia sua concepção de salvação no domínio de conteúdo dos Vedas, tidos como eternos e completos em suas revelações. Desta forma, a Mimasa entendia que essa libertação só poderia ser atingida pelo domínio das ações no contexto social, tidos como estruturados pelo divino. Os homens seriam livres para determinar essas suas ações, mas corriam o risco de atribular seu Karma.
Vedanta: esta escola parece ter sido uma evolução da Mimasa, fundada por Badarayana, sendo difícil situá-la no tempo (as referencias apontam para uma época próxima de Jaimini, mas o texto básico dessa escola só surge dois séculos depois). Embora seu ponto de partida sejam também os Vedas, suas proposições se respaldam no fato de que o conhecimento dos conteúdos sagrados só poderia ser atingido igualmente por técnicas transcendentes de controle do corpo e da mente.
Sankya: diz-se que o fundador dessa escola, Kapila, viveu no século -7. Uma das escolas mais famosas de todas, representa uma manifestação direta dos conhecimentos Upanishadicos. A Sankya acreditava numa libertação ascética, através da meditação e no domínio das paixões.
Yoga: a Ioga já seria praticada em suas formas físicas já entre os povos dasas. Ela aparece igualmente nos textos mais antigos, como no Bhagavad Gita, texto específico do Mahabharata. Existiam várias escolas yoguins, com os mais diversos tipos de práticas, mas elas foram devidamente agrupadas e classificadas através de Patanjali, que poderia Ter vivido entre –4-2 É semelhante à Sankya, mas muito mais técnica, enfatizando a atenção às disciplinas do corpo como forma de dominar o espírito, conquanto a Sankya propusesse o contrário.
A observação dessas várias escolas deu origem a um adágio que representa bem a civilização indiana: a unidade dentro da diversidade. Quase todas essas escolas trabalham com conceitos semelhantes, mas situam-se como caminhos diferenciados em torno do mesmo objetivo, a salvação. Elas consideram Artha (Lei social), Kama (Desejo), Dharma (Lei sagrada) e Moksha (libertação) como os quatro pilares deste conhecimento cósmico, que elimina o Maya (ilusão) (Zimmer, 1983).