Eis, senhor, as quatro castas: a dos nobres, a dos pobres, a dos comerciantes, e a dos trabalhadores. Entre elas, duas têm a supremacia: a dos nobres e a dos sacerdotes: isto pelo modo com que se dirigem a seus membros, com que os saúda levantando-se e juntando as mãos em homenagem, e com que são tratados. Há cinco qualidades que devem ser procuradas: a fé, a saúde, a sinceridade, a energia, a sabedoria. As quatro castas podem ser dotadas das cinco qualidades que se deve procurar e recebem a bênção e a felicidade por muito tempo. E eu não digo que em seu caso que haja uma distinção em seu esfôrço. É como se se tivesse um par de elefantes domesticados, cavalos ou bois bem domesticados, exercitados; e um outro par não domesticado e não exercitado. O primeiro par seria contado como domesticado, atingiria o valor dos animais domesticados; o segundo, não. Da mesma maneira não é possível que o que se adquire pela fé, a saúde, a sinceridade, a ausência de velhacaria possa se obter onde há falta de fé, a má saúde, o engano, a velhacaria, a inércia, a sabedoria limitada. No caso das quatro castas se [seus membros] são dotados de cinco qualidades que se deve procurar, se êles fazem os esforços devidos, eu digo que neste caso não há diferença entre libertação e libertação. É como se quatro homens, um trazendo lenha bem sêca, outro uma acha sêca da árvore sãla, o terceiro uma acha sêca de mangueira, o quarto uma acha sêca de figueira, fizessem cada um fogo que produzisse calor. Haveria uma diferença entre os fogos produzidos por estas diferentes madeiras quanto à sua chama, sua ror, ou seu clarão? O mesmo sucede com o calor aceso pela energia e produzido pelo esfôrço. Eu não digo que haja diferença entre libertação e libertação.
[Mojjhima Nikaya. ii, 128-130].